terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Cenas Do Cotidiano Merecedoras De Publicações

Seis e trinta da manhã. Começa a corrida maluca diária. Melo Peixoto, final da estação do metrô Tatuapé, trânsito para. Olho para o meu lado esquerdo: - Um homem, uma mulher. Deitados ali, sobre os papelões formando uma cama de casal. Cobertos, os dois juntinhos. Ela, deitada no ombro dele. Tamanho romantismo me emocionou. Ali, eram só os dois. Um homem, uma mulher. Um casal!

Trânsito. Marginal Tietê, tudo parado. Desliga o carro, lê, espera. Calor, cansaço, suor, desânimo. Liga o carro, engata 1ª, arrisca uma 2ª, anda um pouquinho, para novamente. E assim vai,......minutos, horas. Passa a mão no cabelo, faz um sinal de saco-cheio para o cúmplice ao lado. Desliga o carro. Liga novamente, anda mais um pouquinho. E um girassol, lindo, feliz, sorridente, cheio de vida em plena margem do rio. Nada, só ele. Trânsito, poluição, sujeira, estresse e um recado:- A vida, vale a pena!

Época de copa. Em plena Av: Santo Amaro, trânsito pesado mas, andando. De repente para. Buzinas, desvios. Começa a andar, agora, lentamente. E a gente, como sempre, pensa:- "Nossa, será que houve um acidente?" "Puxa, o que será que aconteceu?" Vai andando e não vê nada. Bom, menos mal. Chega a minha vez de passar. Puxa vida! Só no Brasil, mesmo! Brasileiro é um povo fantástico, ou louco, ou destemido, ou alienado, ou,......nem sei. Assim como não sei se rio ou choro. Se acho a cena engraçada, ou deprimente. Na minha frente agora, estava uma carroça, cheia até em cima. Aparentemente bastante pesada. Mas, não me pareceu que o peso o incomodava. Ele andava firme, reto e cheio de orgulho, carregando o peso apenas daquela Bandeira Brasileira tremulando na lateral direita de seu carrinho.

Farol fechado. Rua Bela Vista com Vereador José Diniz. Ainda pego a duas últimas garfadas daquela refeição. Talvez a primeira e última do dia. Ele caminha até o parceiro de situação, na outra ponta da rua, estende a marmitex junto com aquilo, que não consegui identificar, mas, serviria de talher. Um balançar de cabeças, um estender de mãos. Selava assim, umas das cenas mais emocionantes que presenciei.


Sete horas da manhã. Rotatória, tipo uma pracinha gramada. Um senhor, andarilho, brincando com seu amigo-cachorro. Os dois: correndo, brincando, alegres. Como se fossem as criaturas mais felizes do mundo!......E eram!


Tem cenas do cotidiano merecedoras de destaques, publicações! São lindas, emocionantes demais. Verdadeiras obras de arte esquecidas pelo artista!

Quando Eu Crescer!

Quando eu crescer, vou usar aquelas saias, bem curtinhas ou soltinhas e nunca vou me esquecer que não posso me sentar de qualquer jeito. Vou usar salto alto e nem me lembrar, saudosamente, do meu querido All Star de cano longo. Quando eu crescer, vou usar os talheres corretamente e nunca, nunca, vou abrir a boca cheia de comida. Também vou parar de arrotar na cara dos outros, só para dar risada......kkkkkk......Eu prometo! Nossa, quando eu crescer, também não terá mais graça bocejar e conseguir espirrar aquelas gotinhas divertidíssimas no braço de quem estiver ao meu lado. Quando eu crescer, e estiver dirigindo, não vou mais dar tchau, para quem eu nem conheço. Também vou parar de chegar nos lugares e perguntar logo, qual o nome da pessoa e ficar conversando como se fôssemos amissíssimas. Quando eu crescer não vou mais amarrar, nem cortar roupas novas, que não foram usadas ainda, só por que quero usar naquele dia. Quando eu crescer, terei mais paciência. Com certeza não precisarei colocar uma extensão de 5 metros no meu secador, só para não perder tempo. Quando eu crescer, terei um horário para tudo, o tal planejamento, que tanto falam. Principalmente comer e dormir. Vou almoçar todos os dias e nunca mais vou acordar, falando feito uma louca desvairada e rindo sem saber por que. As pessoas quando crescem, ficam mais contidas. Aliás, só adulto mesmo, para dizer: "Contido." Quando eu crescer, vou sentir saudades das apostas de colocar o pé na boca com meus sobrinhos. Acho que também não vai ficar bem, tentar subir pelos batentes das portas. Sabe? Quando a gente coloca pés e mãos de um lado e de outro e tenta subir? Nossa, o Felipe consegue chegar, até lá, em cimão! Quando eu crescer e for dormir na casa dos meus pais, família reunida, todo mundo junto, misturado. Pela manhã não vou poder mais pegar todos os colchões, travesseiros, cobertores, edredons, lençóis, fronhas, tudo; tudo que encontrar pela frente e fazer um grande escorregador. Ficar empurrando e sendo empurrada para baixo ou para o chão. Quando eu crescer, acho que a Jéssica não vai mais sentar no meu colo só para dizer que soltou um pum e com a cara mais linda do mundo, rir descaradamente. Quando eu crescer, e tiver uma vida normal, como os adultos, e chegar na casa da minha irmã, acho que meus sobrinhos não irão mais perguntar, antes mesmo de abrir o portão; se vou dormir lá. Também não vão pedir mais para eu dar uma voltinha de carro com eles, antes de ir embora. Como fiz com a Renata, até os 12 anos de idade. Depois, ela que não quis mais. Aí, comecei com a Jéssica. Depois com o Felipe. Também não vou ficar mais buzinando, feito uma louca, independente da hora, quando saio de lá. Por que enquanto eles entram em casa, ficam ouvindo até onde vou buzinar. E com certeza riem. Eu também! Quando eu crescer, vou aprender a ser séria e quando minha amiga me ligar e perguntar se está tudo bem, mesmo não estando, vou dizer que sim. Faz parte do vocabulário adulto, mentir, ou omitir, né? Quando eu crescer e estiver com saldo devedor no banco, dívidas por todos os lados, telefone cortado, nunca mais farei piada. Direi a todos que, como empreendedora, faço negociações arriscadas. É o ganhar ou perder, do mundo dos negócios. Quando eu crescer, nunca mais farei piadas que ninguém entenda. Vou falar tudo, bem explicadinho e pausadamente. E prometo contar uma piada e mesmo achando graça, rir só no final e não na metade, como faço algumas vezes, deixando todos olhando para minha cara, esperando o fim e só eu sei qual é......kkkkkk.....essa vai ser difícil, mas, uma hora a gente tem que crescer, né?