quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A Vida Por Um Fio_______________

A gente acorda, levanta, toma banho-café, passa batom ou coloca o paletó e sai. Sai, tem certeza que volta mas, não tem consciência que pode não voltar! Se tivéssemos, beijaríamos toda a família logo cedo e diríamos o quanto os amamos. Ligaríamos para os amigos, parentes e diríamos da importância de cada um em nossas vidas. Deixaríamos tudo arrumadinho, nos seus devidos lugares. Até a xícara do café apressado lavaríamos. Abriria a porta, já com um grande sorriso no rosto:- Booommm diiiaaaa! Prá todo mundo. Mas, não é assim. Nem daria tempo, perderíamos a hora, todos os dias. Principalmente eu, que tenho grande problema com horário. Meu Deus, preciso tanto melhorar isso! Naquele dia foi assim. Todos sairam. Alguns voltaram no mesmo dia, outros, semanas depois. E outros,......nunca mais voltaram. Muitas vezes, amigos foram viajar, eu não fui. Foram ao cinema, eu não fui. Ao clube, eu não fui. A festa, eu não fui. Acampar, eu não fui. Quantas vezes, chorei, xinguei, briguei, fiz bico, cara feia?! Não adiantou, por que, eu não fui. Naquele dia eu também não fui......e agradeci! A vida por um fio. O que será que nos separa tão delicadamente, de um mundo do outro? O ângulo, a reta, a curva? Um centímetro a mais, a menos? Um estufar de peito, arrumar de cabelo, cumprimentar a pessoa ao lado? Um espirrar, balançar? Um metro, uma quadra, um quilômetro? Não sei! Naquele dia, estávamos todos no mesmo lugar, na mesma hora. Na mesma situação e desespero. Todos diferentes, estranhos e
numa fração de segundos, todos iguais: - Saidos de casa com intenção de voltar, fazer a unha, a barba, lavar a xícara do café apressado, beijar o filho, escrever uma carta, assistir à novela, fazer o bolo, o jantar, fazer nada, ler o jornal, terminar a blusa de trico. Como saber, adivinhar, intuir, prever? Como saber que aquela que havia acabado de passar por mim, dar o nome, o valor que carregaria na carteira, assinar o cheque, não voltaria mais? Nunca mais. Nem para o escritório, de onde desceu a 10 minutos, provavelmente deixando muita coisa para terminar na volta. Que jamais aconteceria. Não voltaria mais a assinar cheques, a precisar de dinheiro, a voltar para casa, a beijar a mãe. Eu deveria ter olhado para ela e mesmo naquele dia tumultuado, sorrido tranquila e perguntado, olhando nos seus olhos:-"Qual o seu nome?" Ela então me responderia:-"Heloísa". E eu diria:-"Puxa que nome lindo, nunca mais vou esquecer." E nunca mais esqueceria mesmo. Não me lembro dela, passando pela minha mesa, de batom, bolsa, anel e se usava relógio. Não me lembro dos olhos, nem do sorriso dela. Se os cabelos estavam soltos ou presos. Me lembro da foto; sem batom, jóias, roupas, sem olhar, sem sorriso. Apenas aquele diâmetro, por onde lhe passou a vida. Luz em um instante, escuridão no outro. Agora, estava tudo fora do contexto: Não tinha planos de receber visitas naquele dia, e recebi. Não combinei nada com meus amigos, eles estavam lá. Não tinha consulta marcada, estava no hospital. Não precisava tomar injeções, estava tomando. Quem será que voltaria para casa naquele dia, em semanas ou quem jamais voltaria. Aquele momento estava em preto e branco mas, minha gravata azul turquesa, que nem havia sido paga ainda, estava no bolso da calça jeans da minha irmã, que eu estava usando emprestada naquele dia. E se ela precisasse da calça, no dia seguinte? Tudo é um risco. Ela correu o risco me emprestando a calça, eu corri o risco, saindo do meu local de trabalho, o Àlvaro, de sair junto comigo, a Heloísa, saindo da sua sala naquele momento, o José ao começar a trabalhar ali, há 3 meses e não voltar nunca mais, o Antonio ao ter mudado de posto. Estamos por um fio. O momento da concepção é um risco. Nascer, é um risco. Viver é um risco. A vida é um risco. Que bom viver! Todo dia, é um novo dia!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Cenas Do Cotidiano Merecedoras De Publicações

Seis e trinta da manhã. Começa a corrida maluca diária. Melo Peixoto, final da estação do metrô Tatuapé, trânsito para. Olho para o meu lado esquerdo: - Um homem, uma mulher. Deitados ali, sobre os papelões formando uma cama de casal. Cobertos, os dois juntinhos. Ela, deitada no ombro dele. Tamanho romantismo me emocionou. Ali, eram só os dois. Um homem, uma mulher. Um casal!

Trânsito. Marginal Tietê, tudo parado. Desliga o carro, lê, espera. Calor, cansaço, suor, desânimo. Liga o carro, engata 1ª, arrisca uma 2ª, anda um pouquinho, para novamente. E assim vai,......minutos, horas. Passa a mão no cabelo, faz um sinal de saco-cheio para o cúmplice ao lado. Desliga o carro. Liga novamente, anda mais um pouquinho. E um girassol, lindo, feliz, sorridente, cheio de vida em plena margem do rio. Nada, só ele. Trânsito, poluição, sujeira, estresse e um recado:- A vida, vale a pena!

Época de copa. Em plena Av: Santo Amaro, trânsito pesado mas, andando. De repente para. Buzinas, desvios. Começa a andar, agora, lentamente. E a gente, como sempre, pensa:- "Nossa, será que houve um acidente?" "Puxa, o que será que aconteceu?" Vai andando e não vê nada. Bom, menos mal. Chega a minha vez de passar. Puxa vida! Só no Brasil, mesmo! Brasileiro é um povo fantástico, ou louco, ou destemido, ou alienado, ou,......nem sei. Assim como não sei se rio ou choro. Se acho a cena engraçada, ou deprimente. Na minha frente agora, estava uma carroça, cheia até em cima. Aparentemente bastante pesada. Mas, não me pareceu que o peso o incomodava. Ele andava firme, reto e cheio de orgulho, carregando o peso apenas daquela Bandeira Brasileira tremulando na lateral direita de seu carrinho.

Farol fechado. Rua Bela Vista com Vereador José Diniz. Ainda pego a duas últimas garfadas daquela refeição. Talvez a primeira e última do dia. Ele caminha até o parceiro de situação, na outra ponta da rua, estende a marmitex junto com aquilo, que não consegui identificar, mas, serviria de talher. Um balançar de cabeças, um estender de mãos. Selava assim, umas das cenas mais emocionantes que presenciei.


Sete horas da manhã. Rotatória, tipo uma pracinha gramada. Um senhor, andarilho, brincando com seu amigo-cachorro. Os dois: correndo, brincando, alegres. Como se fossem as criaturas mais felizes do mundo!......E eram!


Tem cenas do cotidiano merecedoras de destaques, publicações! São lindas, emocionantes demais. Verdadeiras obras de arte esquecidas pelo artista!

Quando Eu Crescer!

Quando eu crescer, vou usar aquelas saias, bem curtinhas ou soltinhas e nunca vou me esquecer que não posso me sentar de qualquer jeito. Vou usar salto alto e nem me lembrar, saudosamente, do meu querido All Star de cano longo. Quando eu crescer, vou usar os talheres corretamente e nunca, nunca, vou abrir a boca cheia de comida. Também vou parar de arrotar na cara dos outros, só para dar risada......kkkkkk......Eu prometo! Nossa, quando eu crescer, também não terá mais graça bocejar e conseguir espirrar aquelas gotinhas divertidíssimas no braço de quem estiver ao meu lado. Quando eu crescer, e estiver dirigindo, não vou mais dar tchau, para quem eu nem conheço. Também vou parar de chegar nos lugares e perguntar logo, qual o nome da pessoa e ficar conversando como se fôssemos amissíssimas. Quando eu crescer não vou mais amarrar, nem cortar roupas novas, que não foram usadas ainda, só por que quero usar naquele dia. Quando eu crescer, terei mais paciência. Com certeza não precisarei colocar uma extensão de 5 metros no meu secador, só para não perder tempo. Quando eu crescer, terei um horário para tudo, o tal planejamento, que tanto falam. Principalmente comer e dormir. Vou almoçar todos os dias e nunca mais vou acordar, falando feito uma louca desvairada e rindo sem saber por que. As pessoas quando crescem, ficam mais contidas. Aliás, só adulto mesmo, para dizer: "Contido." Quando eu crescer, vou sentir saudades das apostas de colocar o pé na boca com meus sobrinhos. Acho que também não vai ficar bem, tentar subir pelos batentes das portas. Sabe? Quando a gente coloca pés e mãos de um lado e de outro e tenta subir? Nossa, o Felipe consegue chegar, até lá, em cimão! Quando eu crescer e for dormir na casa dos meus pais, família reunida, todo mundo junto, misturado. Pela manhã não vou poder mais pegar todos os colchões, travesseiros, cobertores, edredons, lençóis, fronhas, tudo; tudo que encontrar pela frente e fazer um grande escorregador. Ficar empurrando e sendo empurrada para baixo ou para o chão. Quando eu crescer, acho que a Jéssica não vai mais sentar no meu colo só para dizer que soltou um pum e com a cara mais linda do mundo, rir descaradamente. Quando eu crescer, e tiver uma vida normal, como os adultos, e chegar na casa da minha irmã, acho que meus sobrinhos não irão mais perguntar, antes mesmo de abrir o portão; se vou dormir lá. Também não vão pedir mais para eu dar uma voltinha de carro com eles, antes de ir embora. Como fiz com a Renata, até os 12 anos de idade. Depois, ela que não quis mais. Aí, comecei com a Jéssica. Depois com o Felipe. Também não vou ficar mais buzinando, feito uma louca, independente da hora, quando saio de lá. Por que enquanto eles entram em casa, ficam ouvindo até onde vou buzinar. E com certeza riem. Eu também! Quando eu crescer, vou aprender a ser séria e quando minha amiga me ligar e perguntar se está tudo bem, mesmo não estando, vou dizer que sim. Faz parte do vocabulário adulto, mentir, ou omitir, né? Quando eu crescer e estiver com saldo devedor no banco, dívidas por todos os lados, telefone cortado, nunca mais farei piada. Direi a todos que, como empreendedora, faço negociações arriscadas. É o ganhar ou perder, do mundo dos negócios. Quando eu crescer, nunca mais farei piadas que ninguém entenda. Vou falar tudo, bem explicadinho e pausadamente. E prometo contar uma piada e mesmo achando graça, rir só no final e não na metade, como faço algumas vezes, deixando todos olhando para minha cara, esperando o fim e só eu sei qual é......kkkkkk.....essa vai ser difícil, mas, uma hora a gente tem que crescer, né?

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Um Amigo Especial

No começo, ele só parava, gesticulava, pedia um cigarro. Eu dizia que não fumava, ele falava mais alguma coisa e ia embora. Outras vezes, oferecia coca-cola, guaraná. Me olhava sério, levantava a sobrancelha dizia algo e continuava seu caminho. Quando ele quer enfatizar alguma coisa, levanta a sobrancelha. Sempre oferecendo coca-cola, guaraná. Eu sempre sorrindo e dizendo : -"Hoje não". Ele falava mais uma porção de coisas indecifráveis, e caminhava. Descobri que o nome dele era João. Olha que legal, pensei comigo. Vamos nos dar bem! Meu lado masculino também é João. Assim começou nossa amizade! Volta e meia ele passava, parava, me oferecia coca-cola, guaraná. Sorria e ia embora. O tempo foi passando. Nós, fomos ficando. Agora ele já me visitava quase que diariamente E quase que diariamente, me oferecia coca-cola- guaraná. Tinha parado de fumar, teve um problema sério na boca. De qualquer forma, foi muito bom e ele está ótimo. O João foi se fazendo necessário. Quando não passava, sentia falta. Quando estava ocupada, ele sentava, perguntava se tinha papel e caneta e me esperava. Comecei a entender o João. Ele sorria, cantava: -" No velho oeste, ele nasceu. E entre bravos se criou. Seu nome em lenda se tornou. Bat master son, bat master son." " Não te esqueças meu amor, que quem mais te amou fui eu. Sempre fui o teu calor, que minha alma aqueceu......Eu te quero com paixão. Ohoh, Ohoh, Ohoh....vem viver prá mim, Diana." E sorria! Algumas vezes, ficávamos escrevendo, rabiscando, conversando. Cada um no seu mundo. Assim íamos nos entendendo! Agora, ele já perguntava por mim. "Cadê a Tania?", "Onde ela foi?", "Por que não veio?" O João é muito carinhoso, ele me dá presentes incríveis! Coisas que jamais ganharia de uma pessoa "normal". Uma vez estava sentada de frente para a porta, e vi do outro lado da rua; acima do muro, um Hibisco Saltitante. Sabe aquela florzinha que a gente aperta a bundinha e sai um negocinho parecendo um grão de arroz grande, aquele que a gente compra, que vem no saquinho, doce, cor de rosa. Então, aquele é o Hibisco. Fiquei com o olhar fixo. Não estava entendendo aquilo se aproximando. Pink, alegre, feliz, lá no alto! Quando acabou o muro, o João apareceu. Carregando um galho enorme, com uma flor na ponta. Atravessou a rua, abriu a porta e me disse:-"Prá você, Tania." Chorei. Emocionada, agradeci. Peguei um copo americano, tirei a florzinha- o galho todo não ia caber, tinha mais ou menos um metro e meio e coloquei na água em cima da minha mesa. Cuidei dela, todos os dias. A flor, durou uma semana. O presente, prá sempre! Tempos depois ele chegou com a mão fechada e pegou a minha. Quando abriu, disse que era um presente para mim. Um monte de pedrinhas que ele pegou na rua. Também adorei ganhar aquelas pedrinhas logo cedo. Elas ficaram na minha gaveta, por muito tempo. Na memória estão até hoje. Semana passada, ele me deu um papel. "Tania, prá você." "Jõao, obrigada- O que é isso?" "Achei. Achei no chão!" "Que legal, João". Era o papel com o resultado do jogo da loto. Prêmio maior do que do acertador. Quando encontro o João, é sempre uma alegria, uma festa. As vezes jogamos bola na calçada. Ele tinha uma bola de vôlei colorida, caiu no bueiro. Agora a gente brinca com uma pequenininha azul marinho. As vezes vamos na casa de pássaros ao lado e ficamos olhando os passarinhos. Ele gosta - eu também! Perto do Natal. "João, você acredita em Papai-Noel?" "Acredito!" "O que você vai pedir de presente de natal?" "Um caminhãozinho e uma bola." Minha irmã deu um caminhãozinho para eu dar para ele, falta comprar a bola. Impossível olhar para o João e não acreditar em Papai-Noel! As vezes ele some, fica um tempão sem aparecer. Sinto saudade. Outro dia, voltávamos do almoço, Modesto e eu. Paramos na esquina para atravessar. Lá do outro lado, o João - camiseta regata laranja, short cinza com detalhe em laranja, papete preta e boné creme. "Joãããooo, gritei do outro lado." E ele:- "Oh, Taaaniiiaaa", com os braços levantados, me esperando atravessar. Nos abraçamos como velhos amigos, felizes de nos encontrármos. "Onde cê tava Tania?" "Fui almoçar, João." "Você está bem?" "Eu fui para o Canadá, Japão, Lapa, Moema, México." " Ééé, João?.....Que legal! "Onde você vai, Tania?" "Vou para a firma, trabalhar." "Então eu vou também!" O Jõao colocou a mão no meu ombro, eu na cintura dele. Peguei na mão do Modesto, e juntos, fomos os três, naquela calçada apertada. Abraçada com o João, de mãos dadas com o Modesto. Cena digna de uma foto. Linda, tamanha pureza e alegria. O João é um presente! Quando estou triste, ele me alegra - Quando estou cansada, ele me anima - Quando estou preocupada, ele me faz esquecer. Quando estou irritada, começamos a escrever e vou me acalmando. Fico impressionada como ele escreve, lê e faz conta bem. O que ele não leva muito jeito, é para desenho. Ele desenha mal! Nada é perfeito, né? O João é uma pessoa boa. Realmente Um Amigo Especial! O que o levou de um mundo para outro, foi uma história triste, de amor entre dois irmãos. Eu, no lugar dele,......também não teria voltado! O João é uma criança grande! Tem uma infantilidade saudável, pura, que só as crianças carregam consigo! Tem um coração doce e leve como de um anjo. Tem uma forma de falar completamente confusa, desconectada. Mas, basta olhar para os olhos brilhantes dele, que você vai entender. Tem 67 anos, nenhum dente, o sorriso murcho mais lindo, doce, acolhedor que alguém pode receber! Deus, obrigada por este presente!!!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O Filósofo - Dizem

Adoro filosofia. Descartes, Nietzsche, Pascal, Sócrates, Platão, Spinoza......todos eles. Os grandes da filosofia. Agora, indiscutivelmente, com todo o respeito, o maior e melhor deles, foi minha mãe quem me apresentou. Muito cedo, tive conhecimento do grande filósofo: "Dizem". Quando criança não podíamos comer manga e tomar leite:-"Por que não pode, mãe?"- "Dizem que faz mal". Não pode comer pepino nem banana, antes de dormir:-"Por que mãe?" - "Dizem que faz Mal". Mais tarde, já grandinha, primeira menstruação:"Não anda descalça filha, esse chão gelado, faz mal." "Mas, tá calor!". "Essa friagem, Dizem que faz mal." "Não pode lavar a cabeça." "Mas, mãe, acabei de voltar da educação física, estou toda suada". "Por que não pode lavar?"- "Por quê, por quê???...Por que, não sei! Dizem que faz mal". - "Mãe, como uma coisa que está descendo, pode subir?"- "Você é muito teimosa mesmo, hein? Lavou a cabeça! Depois não vai dizer que não avisei!" Dizer, eu???......Simples mortal. Justo eu, que não sei de nada. Deixa prô Dizem! "Mãe, eu acho que é tudo questão de costume, se eu for acostumando, não terá problema." "Já pensou, quantos anos ainda vou mentruar e não vou poder lavar a cabeça?" Muitas vezes minha mãe não tinha argumentos convincentes. Eu não acreditava naquelas histórias que ela contava, mas, por via das dúvidas, queria sempre saber o porquê . Vai que o Dizem tinha razão, né? Entrava no chuveiro, lavava a cabeça rapidinho e saia num suspiro aliviada. Ufa! Ainda bem que não subiu para a cabeça. Obrigada Dizem! Roupa no varal? Nem pensar colocar as camisas do meu pai com o colarinho para baixo. "Dizem que não é bom - sei lá, vira a cabeça." "Vira a cabeça prá onde, mãe?" Crescemos junto com o grande filósofo. Claro que aos poucos, fomos nos distanciando. Fui fazendo testes, ouvindo, lendo, aprendendo. Hoje sei que muitas das coisas que minha mãe dizia, tinha fundamento. Tinha uma razão de ser. O problema é que ela só dizia e não explicava. E esse Dizem, me enchia o saco com tantos nãos. Ele nunca dizia que algo ia fazer bem. Tornei-me adulta, e comecei a ver que o filósofo é bem mais famoso que imaginei. Em muitas reuniões, chatas e legais, volta e meia ele aparece! -"Já leu tal livro, viu tal filme?" - "Não, mas, Dizem......olha ele aí de novo, que é muito bom!" Hã, hã!!! Tudo bem que filosofia, é mais um aprender a fazer perguntas, que um receber de respostas. Mas, não ter resposta alguma em nenhuma pergunta, é frustante. De qualquer forma, acho que minha mãe teve grande influência na minha paixão por filosofia. E o fillósofo Dizem, foi para mim uma inspiração! Tenho o maior carinho por ele, acho seu mistério, envolvente, encantador. Domingo família reunida, agora maior. "Vó, pega a toalha, prá mim?" "Você acabou de almoçar e vai tomar banho?" - "Vou, o que é que tem?" - "Ah! Não adianta falar, né? Você que sabe! Dizem que não é bom, faz mal." - "Por quê?" - "Por que, eu não sei. Faça o que você quiser." E assim o filósofo Dizem, vai se perpetuando!

Nunca Consegui Explicar a Amizade!

Tenho muita sorte!!! Tenho amigos verdadeiros. Gente que posso contar e não contar nada; eles me entenderão. Surgimos na vida, um do outro por acaso. Somente nos permitimos e fomos ficando. Ficamos, por querer. Tento escrever sobre a amizade, sobre ter amigos, sobre lealdade, mas, é muito difícil. Escrevo frases tiradas de livros, poemas. Frases inventadas por mim -
Mas sempre quero dizer algo mais. A sensação é que não me fiz entender. Não consigo dimensionar meu amor por eles. Mando cartões, falo pessoalmente, parece que nunca consigo dizer tudo que gostaria. Ainda bem, assim o tempo vai passando e vamos cada vez mais nos solidificando. A amizade é pura química. Um ano, dois anos, dezesseis anos, trinta anos. Vamos nos fundindo com o passar do tempo. Dizem que a convivência torna as pessoas parecidas, acho que é verdade. Um dia, sem querer, li a mensagem mais linda do mundo sobre a amizade. Era aquilo, que sempre tentei escrever, tentei dizer e não conseguia. Uma forma simples, como a amizade, direta, como os amigos tem que ser e emocionante, como toda amizade verdadeira é!
Depois que vocês lerem essa mensagem, entenderão tudo o que penso, sinto e acredito no que é ser um AMIGO! Não existe uma única vez, que leio essa mensagem, e não me emociono!

Campo de Batalha
"Meu amigo não voltou do campo de batalha, senhor, solicito permissão para ir buscá-lo" - disse um soldado ao seu tenente.- "Permissão negada". - replicou o oficial - "Não quero que arrisque a sua vida por um homem que provavelmente está morto". O soldado, ignorando a proibição, saiu e, uma hora mais tarde, regressou mortalmente ferido, transportando o cadáver de seu amigo. O oficial estava furioso:- "Já tinha te dito que ele estava morto!!! Agora eu perdi dois homens"!Diga-me:- "Valeu a pena ir lá para trazer um cadáver"? E o soldado, moribundo, respondeu:- "Claro que sim, senhor! Quando o encontrei, ele ainda estava vivo e pode me dizer":- "Tinha certeza que você viria"! UM AMIGO É AQUELE QUE CHEGA QUANDO TODO O MUNDO JÁ SE FOI.
É isso! Isso é AMIZADE!!!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O João Que Existe Em Mim!

Em mim sempre existiu um lado masculino bastante aguçado. Meu pai nos ensinou a não "deixar homem mandar na gente," "botar o dedo no nariz", "mandar calar a boca", e por aí vai. Na minha casa, só minha irmã e eu. Duas mulheres, né gente? Não dava para ser diferente. Ele ia dizer o quê? Para sermos submissas? Se homem gritar com você, abaixe a cabeça?.......Não, né! Tinha que fazer isso mesmo. Na verdade, nem sei se foi isso mesmo, ou só contribuiu para a formação da personalidade. Minha irmã sempre foi mais tranquila, rostinho meigo, voz macia e agora, uma super mãezona. Mas o que ouvimos do meu pai, também ficou marcado nela, aprendeu direitinho. Não é mole não! Minha personalidade, sempre foi mais para coturno, que sapatilha. Tive várias bonecas e adorava brincar com elas: de casinha, de escolinha, usando short e Ki-chute. Ser mulher, não tem nada a ver com vestimenta. Uso saia, salto alto, batom e bijouterias, alías,...... muitas! Trabalho numa área técnica e totalmente masculina, tenho que "provar" a todo instante. Pinto parede, móveis, piso, azulejo, e o sete também. Sempre de batom, cabelo com gel e luvas, lógico, para não estragar meu esmalte. Na academia, éramos em duas Tanias. Tania Josefa e Tania Pagliari, nome chic, né? Ricardo, bailarino lindo, me batizou de: Tania Jô. Ficando assim: Tania Jô e Tania Pagliari. A minha amiga nunca precisava se justificar, falava seu nome e pronto! Agora eu?! Tinha sempre um "engraçadinho", que queria saber:-"Jô, de quê?"- Jô de João, sempre preferi dizer. Explicar ficaria mais cansativo e chato - detestava, Josefa. Agora já assumido orgulhosamente. Olha o João aí de novo tomando a frente. Mas, como também aprendi que homem não deve tomar a frente de uma mulher, até por educação, assumo logo meu posto de Tania. O João me tira de muita saia justa. Quando o assunto está "macho" demais, ele me salva. Por conta da convivência, às vezes ouço coisas, e acho nós mulheres muito chatas. Homem é sempre mais tranquilo, desencanado, prático - coisa que o João também não é, talvez por que viva em uma mulher! De qualquer modo, amo os dois! - Amo ser mulher, e se tiver que voltar novamente, se é que é assim que funciona, quero de novo, ser mulher! E amo esse meu lado João; decidido, abusado, confiante. Amo meu lado Tania e meu lado João. Um completa o outro e os dois juntos, me completam. Formam o que sou.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Há Pessoas Que Aprendi......

"Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam, mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre." (Cecília Meireles)

Com minha mãe, aprendi que devemos lutar e nunca abandonar quem amamos. Com meu pai, o que é amor incondicional. Aprendi com minha irmã, a suportar a dor por amor. Com meu cunhado, o que é caridade e fé. Meus sobrinhos, não me tornaram tia simplesmente. Me tornaram uma pessoa melhor. Meu marido me ensinou a valorizar minha intuição. Aprendi também que todo meu amor, está em mim. As pessoas se vão mas, a capacidade de continuar amando, é minha. Posso amar, sempre! A Tan-Tan, a Tia Nil a Lia e Eu, nos permitimos e nos tornamos grandes amigas-irmãs, faz 30 anos. O Nélio me mostrou que se conquista alguém, amando, quem a gente ama. Na teoria, aprendi com Richard Bach, "Que longe é um lugar que não existe", na prática aprendi com minha amiga Si. Com o Dr.Omar, pude confirmar que a humilhação é a forma mais cruel de ferir alguém. A Ângela me mostrou, que dinheiro é importante, mas sem família, amigos, amor, não valem absolutamente nada. E o Joselino, que muito dinheiro, é castigo. Ainda bem que o Zhé me mostrou que simplicidade-humildade, são coisas dos grandes. Aprendi com o Dan, que a razão e a loucura caminham lado a lado, e que é preciso manter o equilíbrio. O Celso me mostrou que a pessoa, que você mais ama, pode magoá-la. Juntas, dona Selma, Elinor e Eu, tivemos certeza que sorrir e ser feliz, não tem idade. A Nô é o exemplo de que se pode, ser solteira, bem sucedida, bonita e feliz. Seu Geraldo me fez sentir forte, pela primeira vez, a dor da ausência. Com Ricardo Vinícius, bailarino-amigo-lindo, conheci a forma mais gostosa do mundo, de abraçar. 5, 6, 7, 8...Nilson, me mostrou que rítmo é muito importante mas, perseverança é muito mais. O Gil, deixou bem claro para mim que, mesmo não sendo os primeiros naquilo que amamos fazer, a vida é nosso bem maior. Vale a pena continuar. Meu amigo mais que especial, o João, me mostrou que para gostar de alguém não é preciso ter noção de nada. Nem da vida, nem de onde viemos e para onde vamos. Aprendi com a distância da Selma, que o querer bem, está onde você estiver. Junto ou separado. Aprendi com Cecília Meireles que é preciso estar atenta. Com o coração leve, um sorriso no rosto, e de braços abertos para receber o amor. Venha ele, de onde vier!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

"Aprendendo Com Quem Veio Depois."

Criança diz coisas maravilhosas,
Mas as nossas,...dizem as melhores!

Renata com 3 anos:
-"Tia, vem ver meu passarinho."
-"Oooohh, meu amor, que lindo!
-Como ele chama?"
-"......Passarinho, ué!?!?!!"
-"......Tá certo!!!"
Prá quê, complicar?

Renata com 5 anos:
-"Queria que meu cabelo fosse igual
fio de telefone."
Isso sim, é se fazer entender!

Jéssica com 4 anos:
-"Filha, o que você quer levar de lanche
hoje prá escola?"
-"Ahhh......qualquer coisa. Pode ser arroz
com feijão, mesmo !"
Só as crianças são capazes de esclarecer dúvidas
sem nos deixar mais confusos ainda.

Jéssica com 5 anos:
Tia na escola:
-"Jéssica, você fez xixi na calça?"
-"Fiz, e daí? Eu quiz!?!?!"
-"Vou ligar para sua mãe."
-"Pode ligar, ela não vai brigar comigo!"
-"Vou pedir para ela trazer outra roupa."
-"Tá!"
Confiança é tudo!

Felipe com 4 anos:
-"Modesto, por que você não para de fumar?"
-"É Felipão, preciso mesmo. Mas, é muito difícil!"
-"Faz assim óh! - Quando acabar esse que tá no
seu bolso, não compra mais, não. Aí você para!"
Só as crianças sabem dar conselhos sem ferir!

Felipe com 6 anos:
Pintando a parede da sala, junto com a tia.
-"Tia, quando eu crescer vou dar dinheiro prá você."
-".......................................................Tia, sem resposta."
Como é fácil entender o que as crianças querem dizer!
Eu entendi, meu amor!

(A linda frase que usei, como título: "Aprendendo com quem veio depois", por que adorei, é de Jaum Godoy - Palmas prá ele!!!)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Eu Não Sou Mulher De Lembrancinha!!!

Ai gente,......Fala sério, têm coisa mais brochante, que ganhar lembrancinha ??? Você que tem filhos, sobrinhos, afilhados, netos, irmãos, primos, enteados e afins. Faça um teste. Chega em casa, na sua, na de vocês ou na deles e diga bem alto:-"Criançaaaaassss, corram até aqui. Mamãe, titia, madrinha, vovó, trouxe uma lembrancinha prá vocês! Ninguém corre, gente! Ninguém corre prá ganhar lembrancinha! Agora, experimenta falar, não precisa nem falar alto, fale normal:-"Meninos, mamãe trouxe um presente!" Vai sair todo mundo correndo feito louco para abrir os pacotes. Que fique claro uma coisa: - A questão não é o preço! Participo de amigo secreto de R$1,99 a anos. A turma é grande. Claro, é impossível comprar alguma coisa hoje em dia com R$1,99. É apenas uma forma simples, sem perder o charme. Amigável, sem perder o amigo. Democrática, todos aceitam as condições. Divertida, sem nunca, jamais, perder o humor. A verdadeira intenção do encontro, é celebrar a amizade! Ah! Tem que ser unissex.O sorteio é feito na hora. Precisa também ser útil, nem que seja prá gente conseguir passar prá frente, em outro amigo secreto, claro! Enfim gente, não pode perder o glamour. Eu já aviso logo:- Façam o favor de me darem presente! Me recuso a receber lembrancinha! Mesmo que seja uma lembrancinha, digam que é presente! Também nunca me esqueço de dizer:- Olha gente, trouxe presente prá tooodo mundo. Vocês sabem. Não sou mulher de lembrancinha! Ahhh!!??...dirão alguns, assim todo mundo vai ficar esperando um presente de verdade, uma coisa legal, especial!! Explico:- Um presente de verdade, com certeza será, porque vem sempre seguido de um beijo carinhoso e um abraço de urso, beeem apertado! Legal será, e muito. Daremos muitas e boas risadas! Especial, será de qualquer forma, estamos entre amigos! E todos meus amigos já sabem: - Caprichem! Eu não sou mulher, de dar, nem de receber lembrancinha!!

Bicho Papão

Morro de medo do Bicho Papão!!! Principalmente quando ele olha prá mim com um olho grande, geralmente o esquerdo. O outro pequeno. Nossa...... que pânico! Todo Bicho Papão fica em baixo da cama. O meu não! O meu fica na mesinha de cabeceira. Quase sempre deito tarde, vida-moderna-agitada. Sinto ele fica ali, só me observando. Fica com aqueles olhos enormes, olhando prá mim. Dá um tempinho, pisca, mais outro tempinho, pisca de novo. E assim vai. Queria poder encará-lo de frente, todos os dias, como faço às vezes. Olho no olho! Os dois olhões dele, contra meus dois olhinhos, metidos a valente. Ahhh!!.....Mas um dia eu hei de pegá-lo com as duas mãos. E sem dó, nem piedade, jogá-lo contra a parede, sem um pingo de remorso. Aí sim,.......estarei vingada!!! A palavra é forte, eu sei, mas, ele me persegue à muitos anos. Mesmo que eu precise resgatá-lo depois antes, preciso me livrar dele. O Bicho Papão é muito cruel!!!....Não dá trégua, faça chuva, faça sol, frio ou calor, lá está ele, pronto para rasgar a garganta num grito alucinante. Hoje mesmo foi terrível. Acordei sem coragem para olhar, sabia que ele estava daquela forma horrível. - Olho direito pequeno, olho esquerdo grandão. Virei de um lado para outro, ainda não estava na minha hora,......Não consegui pregar mais os olhos. O Bicho Papão estava lá, olhando prá mim. Ora pisca, dá um tempinho, pisca de novo. Tive que levantar. Tomei um banho e estava pronta prá luta diária. Tudo bem, passou. Começa o dia. Esqueço o Bicho Papão. Sei que quando chegar em casa, depois de um longo dia de trabalho, tomar meu banho - talvez comer alguma coisa , e ler Laurentino Gomes - 1808, começado semana passada. Já estou preocupada com ele. não posso fazer muita hora. Amo ler, gosto muito de dormir mas, definitivamente, cama não combina com leitura. Me dá tanto sono. Penso no Bicho Papão. Preciso dormir e ele está lá, na mesinha da cabeceira, me olhando com aqueles dois olhos enormes, só esperando o tempo dele. Durmo em poucos minutos, sem ler uma página completa. Nem me lembro mais do meu arquiinimigo que pisca, dá um tempinho e pisca de novo. Parece que fica esperando que eu caia num sono profundo, desconectada de tudo e de todos. Esquecida dele. O Bicho Papão, espera pacientemente, fica só observando, pronto para fechar aquele olhinho direito, arregalar bem o esquerdo, afiar a garganta e começar a gritar:-Pi, pi, pi, piiiiii - Pi, pi, pi, piiiiii - Pi, pi, pi, piiiiii - Pi, pi, pi, piiiiii - Pi, pi, pi, piiiiiiiiiiii......Estico o braço, tento achar aquele bentido botãozinho, que nunca está lá, no lugar. Penso comigo mesmo, ainda sonolenta:-Um dia, ainda te jogo na parede!
Ahhh!!!......Se jogo!!! Que venha o dia, estou pronta!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Comecei Hoje......

Comecei hoje......
Amanhã eu começo: a dieta, a lição, a academia, o livro, a arrumação do armário, a rezar, a......viver. Estas coisas, pelo menos!!!
Comecei hoje, o Blog. Eu que nem tenho muita afinidade com o computador, justo ele, passou a frente de tantas outras prioridades. Prioridades meio esquecidas, mas, eram prioridades, antes mesmo do Blog. Enfim......
Comecei hoje......
e aquela peça, que costuma dar defeito, interferir, aquela, entre o teclado e a cadeira, teve paciência. Coisa rara! E não é que conseguiu??? Palmas prá mim!!!
Comecei hoje......
Tudo bem que estou sem batom, lápis borrado, e cabelo meio despenteado, se é que é possível, diante de tamanho alisamento. Natural, mas liiisssooo, que enjôa. Gente...... um pouquinho de drama para animar. Mas, estou com um lenço lindo, e anel no dedinho,......chiquérrima!!!
Daqui a pouco, passo batom!!!
Comecei hoje......
Será que consigo voltar amanhã???
Dei uma pausa......para o batom, combinando com o esmalte. Ah! Essa máquina é maravilhosa, mas, prefiro ser gente.
Comecei hoje......
é assim que mentalizo, quando abro os olhos pela manhã. A ser uma pessoa melhor, que ontem!!!