Um Abacateiro Chamado Abacaxi!

Dia começando. Agitação de todas as manhãs : banho, com que roupa eu vou? café, acessórios, maquiagem, cabelo, chaves......fui! Naquele dia em especial, vitamina de abacate. Pega o abacate, pega a faca, corta o abacate, solta a faca e......o que temos aqui??? Um caroço de abacate. Grande coisa! Dentro do abacate, só pode ter? Um carooçoo deee abacateee! Mas, esse caroço era especial. Ele estava aberto como uma mexerica, faltando um gomo. Dois olhinhos e cheio, cheio de vontade de vida! Passei um insulfilm na outra metade do abacate e o coloquei na geladeira. O que fazer com esse caroço de abacate, partido ao meio, pedindo para a vida brotar? Não posso jogá-lo fora! Não consigo! O caroço ficou lá, em cima da pia. Olhando prá mim, eu olhando prá ele. Quase que um "lance" de pele, entendem? Não pude, não pude jogá-lo fora. Tá bom! Penso em você, mais tarde; quando voltar. Coloquei-o em cima da terra de um vazinho que ganhei com flores, elas tiveram menos sede de vida que o abacate, e olha que tiveram também sua chance. E por falar em sede, não podia me esquecer de colocar água. Já tinha dado um teto, quero dizer, um piso, que custava dar alimento também?! Fui,......dia normal. Acabou,......voltei. Nem me lembrei do caroço de abacate, doido por vida. Mas, ele estava lá, todo arreganhado, feliz. Me pareceu até que sorriu, ao me ver. Um dia, dois dias, três dias,......Pronto! Assim a vida se fez! Calor escaldante- coloca água, analisa. Analisa, coloca água. Uma semana,......folhas grandes e verdes, felizes. Agora já estava até conversando com ele. Chego outro dia em casa e vejo todas as suas folhinhas para baixo. Tristes, depois de um dia de imenso calor. Coloco água enquanto converso com ele:-"Que calor, né?" "Você deve estar morrendo de sede!" "Puxa! Que falta de sensibilidade a minha, deixar você tomando todo esse sol, o dia inteiro." Vamos mudar de lugar"...... "Isso, assim." "Aqui está ótimo, amanhã, vou deixar você em um lugarzinho mais fresquinho, tá?"......Deus meu!!! Só faltava ele me responder:-"Promete?" E no dia seguinte, coloquei-o em um cantinho onde o sol, na parte da tarde, só entra por umas frestinhas. A noite, quando chego:-"Oi meu amor, como você está lindo!?" "Isso mesmo, vamos viver!" Pronto! Já éramos uma família. Comecei a achar que o vasinho, onde ele se encontrava, sim, se encontrava, por que ele não está plantado ainda. Está sobre a terra. Do mesmo jeitinho que o deixei naquele dia, no primeiro dia, quando tudo começou. Enfim, ele continua sobre a terra. A ordem é esta: vaso, terra, caroço aberto, bem exposto, e seus lindos galhinhos prá cima. Achei que seu vasinho preto de plástico, não estava mais combinando com sua aparência elegantemente anunciando que um dia, será um grande e frondoso abacateiro. Achei que merecia um lugarzinho mais bonito, fashion, exótico, como ele. Coloquei o vasinho preto, dentro de um vasinho que imita um barril, daqueles antigos, tipo o que o Chaves mora. Todo verde, artesanalmente pintado e decorado, com flores e dois sapinhos: um maior de um lado, e outro menorzinho, do outro. Agora ele criou raízes, raízes que já estão fincadas na terra. Posso levantá-lo pelo caroço aberto, com os galhos saindo do meio dele, que não cai, não se solta. Trouxe para firma, assim, ele passa mais tempo comigo. Criou raízes também. Estão fincadas, como na terra, aqui dentro, de mim. Jogá-lo fora? Nem pensar! Deixar de cuidar? Muito menos! Minha vontade é cuidar dele prá sempre. Pensei em plantá-lo em um vaso maior, mas, que limite seu crescimento. Fazer dele um bonsai. Acho que não é muito justo, depois de tantos cuidados, atrofiá-lo. Querer mudar sua natureza, também não é um ato dos mais nobres. Que dilema! Que situação! Quero doar meu abacateiro, como se faz com filhotes, sabe? A pessoa tem que gostar e prometer que vai cuidar. Adoraria plantá-lo em um lugar onde pudesse acompanhar seu crescimento. O tempo passa, ele cresce rápido. Está com 40 cm, belas e grandes folhas, cheias de brilho, cheias de vida. Ele conseguiu! Adoraria vê-lo crescer, frutificar, e contar histórias. Diante da situação e rejeições que tive, ao oferecê-lo à algumas pessoas, acabei dando-lhe um nome. ABACAXI, este é o nome carinhoso que escolhi para o meu Abacateiro. Ele está feliz, eu também!